A democracia liberal está sendo destruída de dentro para fora por líderes que se recusam a se opor a Israel, apesar da pressão pública
Nos últimos dias, uma onda de protestos pró-Palestina tem varrido o mundo, em resposta à escalada da violência em Gaza desencadeada por uma invasão israelense e intensificada por uma campanha de bombardeio, resultando em milhares de mortes, principalmente de mulheres e crianças. A questão que paira é se as democracias ocidentais, que tradicionalmente apoiam Israel, sofrerão alguma mudança em sua posição diante dessa pressão global.
A resposta, em grande parte, parece ser negativa, especialmente nos Estados Unidos, onde parlamentares democratas, atualmente no poder, resistem a apelos por um cessar-fogo. O presidente Joe Biden, ao ser questionado sobre a possibilidade de interromper a violência, declarou categoricamente: “Nenhuma. Nenhuma possibilidade”.
Essa resistência preocupa, pois em uma democracia, os políticos deveriam ser responsivos à vontade popular. No entanto, nos EUA, o Partido Democrata parece estar evitando atender às chamadas dos eleitores preocupados, o que pode ter implicações nas eleições futuras. Uma pesquisa do Instituto Árabe Americano revela que o apoio de Biden entre os árabes americanos está em declínio, com apenas 17% de aprovação e 40% considerando votar no ex-presidente republicano Donald Trump em 2024.

Os protestos massivos e a crescente insatisfação mostram que a democracia ocidental, especialmente nos Estados Unidos, está em crise. Quando os líderes políticos ignoram a vontade popular, surge uma séria crise nas instituições que deveriam ser fundamentais para uma sociedade democrática.
Mesmo considerando a inclinação pró-Israel de Biden, como presidente, ele tem a responsabilidade de preservar a democracia, especialmente diante de uma crise em grande escala. Manter uma posição inabalável em relação a Israel, contrariando os protestos internos, é um erro significativo.
A situação na Europa é mais complexa, com alguns países, como República Tcheca e Hungria, mantendo forte apoio a Israel e até proibindo manifestações pró-Palestina. O presidente francês Emmanuel Macron, embora tenha instado Israel a parar os bombardeios, enfrenta críticas internas por seu apoio a Israel, enquanto alguns países, como Irlanda e Espanha, são abertamente críticos a Israel e consideram romper laços diplomáticos.
A falta de unidade na política externa da UE destaca a fragilidade do quadro comum, especialmente sob a liderança de Ursula von der Leyen, que alguns consideram uma figura pró-guerra hipócrita.
É evidente que, a cada dia que o ataque a Gaza persiste, torna-se mais difícil justificar moral e logicamente o apoio incondicional do Ocidente a Israel. O mundo está observando, percebendo que a hegemonia ocidental pode estar chegando ao fim. Líderes que resistem à pressão pública estão inadvertidamente minando as instituições fundamentais da sociedade ocidental, à medida que mais pessoas se desiludem com a democracia.