O novo presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, é um sindicalista sem experiência na área, o que tem gerado críticas e preocupação em relação à governança da maior fundação da América Latina. Fukunaga terá a responsabilidade de gerir mais de R$ 200 bilhões em investimentos, incluindo mais de R$ 130 bilhões em renda fixa, e decidir sobre ações em empresas como Vale, Petrobras, Banco do Brasil e Ambev.
Além disso, a rapidez com que o processo de indicação foi concluído (apenas três dias) chamou atenção. Especialistas ouvidos pelo Valor Econômico afirmam que a Previ é reconhecida por sua governança e temem que a indicação de um “outsider” possa abrir caminho para que outros fundos de pensão com estruturas mais frágeis sejam novamente alvo de ingerência, como aconteceu no passado.
Fukunaga será o primeiro presidente da Previ Futuro, de contribuição variável, que ainda está em fase de acumulação. Como maior fundo de pensão da América Latina, a Previ é referência para todas as outras entidades de previdência complementar fechada, com uma governança reconhecida por especialistas ouvidos pelo Valor.
Uma das preocupações é que a indicação de um “outsider” possa abrir caminho para que outros fundos de pensão com estruturas mais frágeis sejam novamente alvo de ingerência, como aconteceu no passado recente. Na fundação do Banco do Brasil, Fukunaga tomará decisões referentes a investimentos bilionários, inclusive na Vale, sua maior posição acionária, e em outras empresas, como Neoenergia, Banco do Brasil, Petrobras e Ambev.
O novo presidente da Previ é funcionário do Banco do Brasil desde 2008. Formado em história e com mestrado na área, iniciou sua carreira como professor do ensino médio e depois assumiu a direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
A Previ nunca precisou realizar um equacionamento de déficit e tem regras para evitar interferências.
O ex-presidente da Previ, Sérgio Rosa, defendeu a indicação de Fukunaga, afirmando que a gestão de uma entidade tem tarefas multidisciplinares e que ele tem habilidades de liderança e formulação de políticas de longo prazo.
As mudanças na Previ são as primeiras de outras que estão por vir no setor dos fundos de pensão. Outras entidades, como a Petros da Petrobras, a Funcef da Caixa e a Postalis dos Correios, também devem anunciar novos dirigentes em breve. Em relação aos investimentos, com juros altos e incerteza na economia, investir em NTN-Bs é melhor do que correr maiores riscos.