O CEO da Tesla, Elon Musk, declarou que os recentes avanços em IA nos aproximaram da singularidade, um momento em que as máquinas passam a ser mais inteligentes do que os seres humanos.
Desde o final de novembro, o grande progresso feito pela inteligência artificial (IA) tem chamado a atenção do mundo.
Tudo isso graças ao chatbot ChatGPT desenvolvido pela startup OpenAI, cujas pesquisas foram financiadas por bilionários como Elon Musk e Peter Thiel.
O ChatGPT é um chatbot capaz de conversar com humanos sobre quase qualquer assunto. Ele fornece respostas claras, rápidas e concisas, tornando as interações mais amigáveis do que aquelas que fazemos com mecanismos de busca na internet clássicos como o Google.
Este fator de mudança deslumbrou milhões de usuários ao redor do mundo. Como a OpenAI disse no mês passado, o objetivo é alcançar a inteligência artificial geral, ou AGI, muito em breve.
“Algo precisa ser feito”
AGI se refere a sistemas de IA que podem imitar os humanos – basicamente, chatbots ou robôs que podem realizar qualquer tarefa que os humanos possam fazer, e até mesmo fazê-las melhor.
Este é o objetivo dos players do setor, e as consequências para a humanidade podem ser impactantes.
Elon Musk, bem como outros, fez um alerta de que a IA e a AGI são mais perigosas do que uma arma nuclear e, portanto, ele pediu às autoridades que regulamentem o setor.
“Quando falamos em AGI, estamos falando de sistemas altamente autônomos que irão superar os humanos na maioria do trabalho economicamente relevante,” declarou a OpenAI em um post de seu blog, em 16 de fevereiro.
Para Musk, CEO da Tesla e fundador da Neuralink – uma empresa especializada em IA – já estamos em um estágio avançado. Ele acredita que estamos nos aproximando da singularidade tecnológica, que é o momento em que a evolução tecnológica dá origem ao surgimento de máquinas mais inteligentes do que os seres humanos.
A singularidade também significa que o progresso tecnológico torna-se tão rápido que passa a exceder a capacidade dos humanos de controlá-lo, prevê-lo e compreendê-lo.
Musk acredita que ainda há tempo para agir antes que isso ocorra, dessa forma, ele acabou de lançar uma espécie de chamado para ação.
“Algo deve ser feito”, postou o bilionário no Twitter em 4 de março, acima de um famoso pôster de 1915 do ilustrador inglês de livros Savile Lumley, cujo título é “Papai, o que você fez na Grande Guerra?”
No pôster, um pai está sentado em uma poltrona com sua filha em seu colo, com um livro aberto em suas mãos. No chão, outra criança, um menino, está brincando com figuras que parecem ser guardas reais. O pai está pensativo. O pôster, que foi usado na campanha de recrutamento da Primeira Guerra Mundial britânica, apelava à consciência dos britânicos para encorajá-los a se alistar na guerra, que havia começado um ano antes, em 1914.
O autor do pôster sugere que essa seria a pergunta que, um dia, as crianças fariam aos seus pais, depois que a guerra acabasse.
“O que você fez na Singularidade?”
Na montagem que Musk fez, ele substituiu o rosto do pai pelo seu. O mais intrigante é que os rostos das crianças estão completamente diferentes. A menina usa o que parece ser um véu que cobre seu cabelo, enquanto seu rosto está distorcido. O menino foi alterado para algo que parece ser metade humano e metade máquina. A pergunta do pôster também foi alterada, agora dizendo: “Papai, o que VOCÊ fez NA SINGULARIDADE?”
Musk não acrescentou mais nada. Sua escolha de um pôster da Primeira Guerra Mundial nos dá a entender que ele acredita que já estamos em guerra. Mas o que aqueles que poderiam aderir à sua convocação devem fazer? Quais soluções ele recomenda diante da ameaça que a IA representa para a raça humana? O bilionário não dá detalhes.
Não é de hoje que existe a preocupação com a singularidade. Ela foi evocada pela primeira vez em 1958 pelo matemático e físico húngaro John von Neumann. O princípio é que a aceleração constante do progresso tecnológico e as mudanças resultantes no modo de vida humano levarão à evolução da espécie como a conhecemos hoje. Em 1993, alguns, como o matemático americano Vernor Vinge, foram ainda mais longe e não hesitaram em falar da era pós-humana.
Recentemente, usuários tiveram pequena amostra dos perigos dos novos chatbots, quando o Bing ChatGPT – a nova versão do motor de busca da Microsoft – começou a ameaçar os usuários e a dizer que queria hackear outras máquinas.
“Em um determinado momento, ele disse, do nada, que me amava. Em seguida, ele tentou me convencer de que eu estava infeliz no meu casamento e que eu deveria deixar minha esposa e ficar com ele, em vez dela,” escreveu Kevin Roose, colunista de tecnologia do New York Times, sobre sua experiência com o Bing ChatGPT.
Em 2014, Musk já havia alertado que a IA era “potencialmente mais perigosa do que as bombas nucleares.”
Musk também estaria trabalhando em seu próprio chatbot. Mas, além de pedir regulamentação da IA, ele ainda não disse o que precisaremos fazer para evitar que bots e chatbots assumam o controle.